quarta-feira, 22 de outubro de 2008

desde muito pequeno lembro de me relacionar com gatos. fígara era o nome da primeira gata da qual me lembro. eu devia ter cerca de dois anos, no máximo. pelo que me lembro foi uma estória meio estranha, algo como ouvi um barulho na garagem após a saída do leiteiro. a moça-que-tomava-conta-de-mim disse que era um cachorro. fomos ver e era um gato. óbvio que era um gato, foi um miado e não um latido que chamara minha atenção. aqueles ouvidos muito provavelmente nunca haviam escutado um miado antes. mas a essência que habitava aquele (este) corpo certamente já e, escutar sabeselá quanto tempo humano — dias, meses, anos, eras, horas — depois, aquele som único e inconfundível ativou algo até então adormecido dentro daquele pequeno eu que eu fora um dia, naquele momento. eu devia estar de camiseta, cueca e sandálias quanto a moça-que-tomava-conta-de-mim pegou o filhote e o trouxe para perto de mim. a partir deste momento não me lembro de mais nada desta sequência. só sei que fígara cuidou de mim até aos dez anos.

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