sábado, 8 de novembro de 2008

quando osso chegou em casa, théo tinha pouco mais de seis meses. como cada indivíduo possui sua própria forma de inserção no tempo, a deles era muito próxima, criando uma identificação imediata entre os dois, manifestações duma mesma energia em espécies diferentes. é prazeroso ver a relação de amizade que se desenvolve(u) entre eles.
ao contrário de chico e seu jeito acanhado e mais auto-suficiente, osso é intrometido, folgado e carente. quando viu uma minipessoa chegando no seu ambiente foi rapidamente ver que que era aquilo, saber o que estava acontecendo.

- é a menor pessoa que já vi. é proporcionalmente pequeno como eu! combino muito mais com ele do que com vocês.

e por horas brincaram um divertido jogo de (auto)reconhecimento. osso dava pulinhos em cima de theo que puxava o rabo de osso que dava mordidinhas nos pés de theo enquanto theo, no início do seu aprendizado motor, na tentativa de fazer carinho dava tapas no pequeno ossinho.

os meses foram passando, ambos crescendo analogamente, se descobrindo, cada vez mais cúmplices e parecidos. enquanto osso, exercendo sua gatunice com supremacia, pegava coisas maiores que sua cabeça com seus dentes e sorrateiramente saia do ambiente, theo cambaleava pela casa, aprendendo a andar e tirar as coisas do lugar.
o objeto que chamava a atenção de um também o fazia no outro. o brinquedo favorito do dia de théo era o mesmo com o qual osso mais se divertia. se um estava quieto, dormindo, o outro vinha pentelhar. théo não podia ver osso dormindo no sofá que saia cambaleante & sorridente pra puxar seu rabo. se osso visse théo nanando no quarto, deitava a seu lado e ficava dando mordidinhas em suas pernas, até um dormir ou o outro acordar.

e assim dividiam a minha cama, cansados & sinceros como velhos corações.


osso & théo após discutirem uma complexa questão filosófica

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

eles mijam em todas as almofadas, no sofá, tapetes, na nossa roupa jogada pelo quarto, em todos os lugares da casa. ficamos bravos, gritamos, brigamos e até batemos. eles continuam deixando aquele odor forte de urina por todos os cantos, sem o mínimo de respeito. nos cestos de roupa suja, dentro dos armários, em todos os lugares, imagináveis ou não.
eles invadem nossos quartos enquanto estamos dormindo, sobem em nossas camas, nos nossos peitos, caminham lentamente em direção à nossa cabeça, começam a farejar, a ronronar, vão se ajeitando e quando menos se espera cravam seus pequeninos e afiadíssimos dentes diretamente no nosso pescoço.
dói, dói muito.
mas diante disso, tudo que aconteceu antes, torna-se banal.